quinta-feira, 21 de maio de 2020

  Dia do Autor Português   

 



             
            O Dia do Autor Português comemora-se anualmente a 22 de maio. Neste dia todos os autores portugueses nas diferentes áreas artísticas estão de parabéns.

             Foi com o propósito de homenagear o autor português e destacar a sua importância no desenvolvimento da cultura e do bem-estar da comunidade que se criou esta data em 1982. Este dia assinala igualmente o aniversário da Sociedade Portuguesa de Autores.




Sermos consumidores é tudo o que sabemos fazer


As alterações climáticas exigem que consumamos menos, mas sermos consumidores é tudo o que sabemos fazer. As alterações climáticas não são um problema que possa ser simplesmente resolvido alterando o que compramos — um híbrido em vez de um todo-o-terreno, algumas compensações de carbono quando viajamos de avião. O seu cerne, é uma crise resultante do consumo excessivo das pessoas comparativamente ricas, o que significa que os consumidores mais frenéticos vão ter de consumir menos para que os outros possam ter o suficiente para viver.
O problema não é a “natureza humana”, como nos é dito tão frequentemente. Não nascemos a ter de fazer assim tantas compras e, no passado recente, éramos igualmente felizes (em muitos casos, mais felizes) a consumir significativamente menos. O problema é o papel excessivo que o consumo acabou por desempenhar na nossa era em particular.
O capitalismo tardio ensina-nos a afirmar-nos através das nossas escolhas como consumidores: a fazer compras é como formamos a nossa identidade, encontramos a nossa comunidade e nos exprimimos.
Assim, dizer às pessoas que não podem fazer tantas compras quantas querem porque os sistemas de suporte do planeta estão sobrecarregados pode ser interpretado como uma espécie de ataque, semelhante a dizer-lhes que não podem ser verdadeiramente elas próprias. Provavelmente, esta é a razão pela qual, os “três erres” originais do ambientalismo (reduzir, reutilizar, reciclar), só o terceiro só alguma vez se implantou significativamente, já que nos permite continuar a comprar, desde que ponhamos o que já não queremos no contentor certo. Os outros dois, que requerem que consumamos menos, morreram praticamente à nascença.
As alterações climáticas são lentas, mas nós somos rápidos
Quando estamos a travessar rapidamente uma paisagem rural num comboio a alta velocidade, dá a impressão de que tudo aquilo por que estamos a passar está parado: pessoas, tratores, carros em estradas de província. Não estão, claro. Estão em movimento, mas a uma velocidade tão reduzida em comparação com a do comboio que parecem estáticos.
Passa-se o mesmo com as alterações climáticas. A nossa cultura, alimentada pelos combustíveis fósseis, é aquele comboio rápido, a avançar a alta velocidade para o próximo relatório trimestral, o próximo ciclo eleitoral, o próximo entretenimento ou motivo de validação pessoal através dos nossos telemóveis e tablets.
O nosso clima em mudança é como a paisagem que vemos pela janela do comboio: de onde nos encontramos em alta velocidade, pode parecer estático, mas está em movimento, como o seu avanço lento medido em placas de gelo a desaparecerem, inundações e aumentos significativos da temperatura. Se não as controlarmos, as alterações climáticas com toda a certeza acelerarão o suficiente para captar a nossa atenção dispersa — ilhas a desaparecerem do mapa e tempestades a inundarem cidades tendem a consegui lo. Contudo, nesta fase pode ser já demasiado tarde para que os nossos atos façam diferença porque, provavelmente, a era dos momentos críticos terá já começado.
Naomi Klein
O mundo em chamas

Editorial Presença, 2020
Histórias em Português       


quarta-feira, 13 de maio de 2020

Para refletir….

  


Os dois pássaros

Dois pássaros pousavam muito felizes sobre a mesma planta. Um deles

estava mais acima e o outro mais abaixo..

Passado algum tempo, o pássaro que estava mais acima disse para o outro:

— Que lindas são estas folhas verdes!
O pássaro que estava mais abaixo respondeu, irritado:
— Estás cego? Não vês que são brancas? O de cima continuou:
— Tu é que estás cego. São verdes!
Continuou o outro:
— Aposto contigo que são brancas. Tu não percebes nada de folhas de árvores!
O pássaro de cima, irritado com esta discussão, atirou-se para cima do adversário, para lhe dar uma lição. O outro não se moveu.
Quando estavam próximos um do outro, tiveram a franqueza de olhar os dois para cima, na mesma direção, antes de começar o duelo.
O pássaro que tinha vindo de cima ficou surpreendido:
— Que estranho! Afinal são brancas!
E convidou o seu amigo:
— Vem cá acima, onde eu estava antes.
Voaram para o ramo do alto e, desta vez, disseram os dois em coro:
— Que estranho! Afinal são verdes!
Cada pessoa tem o seu ponto de vista, a sua opinião, a sua verdade. Cada qual vê as coisas segundo a sua perspetiva, que por vezes julga ser a única. É necessário que as pessoas se
juntem, ponham em comum o que pensam e sentem, escutando-se umas às outras.
Pedrosa Ferreira
Educar, Contando
Porto, Edições Salesianas, 2012